Federal Bureau of Investigation

Privacy Acts Section

Cover Sheet

Subject: Report of the interrogation of Billy Maluco


 U.S Departament of Justice 
Federal Bureau of Investigation 



Transcrição do Depoimento do suspeito conhecido como Billy Maluco dado sob condição ao agente John Carradine na data: 19/04/1938

Agente John Carradine: Posso deixar registrado que você resolveu falar em troca de liberdade e proteção?

Billy Maluco: Sim à vontade, eu somente desejo sair desse maldito hospício.

Agente John Carradine: Tudo há seu tempo, primeiramente me fale sobre você. O que o levou a entrar para a família Salieri.

Billy Maluco: Eu tinha a droga de um empreguinho mixuruca entende? Era borracheiro num posto fora da cidade. Para complementar a renda eu costumava fazer um furto aqui e ali, você sabe, apenas coisas que as pessoas realmente não precisam entende?

Agente John Carradine: Sei... Continue.

Billy Maluco: Uma noite topei com o tal do Angus idiota, realmente um sujeito bem imbecil. Ele me disse que precisava de ajuda com um servicinho. Era algo grande entende? Teríamos que roubar o carro de um figurão, coisa muito boa na época. O trabalho não foi difícil, porém o velho Angus foi derrubado por um leão de chácara imenso com um tiro a queima roupa. Eu consegui fugir e claro e então me encontrei com o cliente.
 
Agente John Carradine: E o cliente seria um membro da família?

Billy Maluco: Exatamente. Um sujeito mal encarado. Pareceu não gostar muito de mim, mas logo descobri que eles fazem essa cara para todos. Risos. Ele me levou para conhecer o Don. Esse cara e de meter medo mesmo tentando ser simpático. Meu bom trabalho foi reconhecido e logo eles me chamariam novamente para mais trabalhos.

Agente John Carradine: Então foi ganhando a confiança da família aos poucos, entendi. Que tipo de trabalho você prestava para a família?

Billy Maluco: Inicialmente eram apenas alguns furtos aqui e acolá. Depois tínhamos que dar pequenas lições em alguns caras.

Agente John Carradine: Lições de que tipo?

Billy Maluco: Nada serio sabe? Apenas assustar alguns caras que se metiam com a filha do Don. Alguns socos e chutes e o sujeito começava a repensar a vida.

Agente John Carradine: Consta aqui na sua ficha assassinatos, o que pode me dizer sobre eles?

Billy Maluco: E ai que a coisa ficou seria. No inicio não me senti a vontade de executar esses serviços, mas se não fizesse eu não estaria aqui agora tendo essa agradável conversa com você. Mandava a gente apagar um figurão aqui outro ali e ate mesmo policiais.

Agente John Carradine: Quem eram seus parceiros?

Billy Maluco: Éramos três entende? O Johnny “Cachorro Doido” era o nosso motorista. Alias um grande motorista. Eu sempre dizia a ele que seu lugar era nas pistas e não ali, mas como eu ele não tinha escolha.

Agente John Carradine: E...

Billy Maluco: Ah sim, Oliver “gorila” era nosso homem forte. Sujeito mais sádico que aquele nunca tinha visto na vida. Eu tinha medo dele, o cara poderia espancar uma mãe ao mesmo tempo em que violenta a filha dela. E foi justamente isso que disseram que ele fez. Por isso ficou um tempo mofando da cela, foi o Don quem tirou ele de lá.

Agente John Carradine: E você era o especialista em cofres e assaltos. Diga-me como um inútil como você se meteu com a “carga”.

Billy Maluco: Não precisa ofender cara. Enfim, uma noite o próprio Don nos chamou para uma missão especial. Haveria um comboio do exercito levando uma carga muito importante e valiosa. Nós deveríamos roubá-la e então entregar a um contato misterioso. Não era um passeio no parque pode crer, mas era uma oportunidade e tanto, o sujeito que queria a carga, oferecia uma grana louca por ela.

Agente John Carradine: E quem era esse contato misterioso?

Billy Maluco: A gente nunca soube, mas eu achava que devia ser algum colecionador rico.

Agente John Carradine: E por que achava isso?

Billy Maluco: pelo conteúdo do pacote sabe? Nada de bebidas ou armas. Era tudo um amontoado de partes de metal ou algo parecido. Havia algo mais também, porém nenhum de nos poderia imaginar o que era naquele momento.

Agente John Carradine: E quais eram os planos para conseguir o material?

Billy Maluco: Uma emboscada. A gente sabia a hora e local exato que o comboio passaria. Não sabíamos ao certo quantos carros seriam e a segurança deles. Então Don enviou o meu grupo e mais outros três. No dia saímos em quatro Schubert Six e fortemente armados. Lembro que pelo menos alguns caras carregavam metralhadoras Tommy. A maioria de nos levava apenas alguns rifles e pistolas. Ah sim, Jean “russo” levou algumas bananas de dinamite para o caso de serem necessários.

Agente John Carradine: E como foi a emboscada?

Billy Maluco: Ficamos dentro dos veículos escondidos na mata ao lado da pista. Pierre deu o sinal da aproximação do comboio. Seria mais fácil do que planejávamos. Com certeza não esperavam um atentado. Militares sempre foram orgulhosos. “Risos”

Eram quatro veículos. Um caminhão e mais três carros pretos, Crusader eu acho. Faziam a segurança do caminhão. Dois caras em cada. Então dei a ordem para interceptar e nossos carros bloquearam o caminho deles na pista. O tiroteio foi pesado, porém, os agentes não tinham poder de fogo para rivalizar com a gente. Tirando o Russo ninguém se feriu. Todos os guardas estavam mortos. O motorista do caminhão e seu ajudante permaneceram vivos até transportarem conosco a carga para um galpão que usávamos para guardar bebida. E depois disso, foram executados.

Agente John Carradine: O que aconteceu depois?

Billy Maluco: Ficou apenas meu pessoal para guardar a carga enquanto o cliente não aparecia para buscar. Ficávamos na casa ao lado do balcão. Durante uma semana esperamos e nada, porém, não poderíamos deixar a carga de lado sem ordem do Don.

Agente John Carradine: E o que houve com o cliente?

Billy Maluco: Não sabíamos e nem tínhamos como saber, pois estávamos incomunicáveis e entediados também. Porém, em uma noite as coisas começaram a mudar e o inferno teve inicio.

Agente John Carradine: O que aconteceu?

Billy Maluco: Apesar de estarmos incomunicáveis tínhamos bebida e comida a vontade. Nessa noite eu tinha acabado de limpar as economias do Johnny, quando esse imbecil, resolveu dar uma aliviada lá fora. Ouvimos os seus gritos algum tempo depois e corremos para ver o que tinha acontecido. O que eu vi naquela noite eu nunca consegui esquecer.

Agente John Carradine: O que houve com ele?

Billy Maluco: Ele... Ele... Por deus! Ele estava completamente destroçado te juro! Encontramos partes dele em diferentes locais, mas estas partes conduziam para o galpão. Oliver, armado com uma pistola, me pediu para esperar enquanto revistava o galpão. Fiquei ali do lado de fora, segurando meu rifle como se toda minha vida dependesse disso. A visão do horror que aconteceu com Johnny me deixou tão chocado que eu rezava em voz baixa para tudo não passar de um pesadelo.

Agente John Carradine: E o que Oliver encontrou no galpão?

Billy Maluco: Depois de algum tempo ele me chamou. Dizia que eu tinha que ver aquilo, era estranho e absurdo demais para ser real. Com muito medo eu fui e quando cheguei, ele me mostrou algo que me arrepiou da cabeça aos pés. Eu nunca imaginei ser possível existir algo como aquilo na face da terra.

Agente John Carradine: E o que era Billy, o que foi que vocês viram lá?

Billy Maluco: A aparência daquela coisa grotesca nunca me deixou sabe? Durante todos esses anos apodrecendo naquele sanatório eu a via em todos os lugares, até mesmo com os olhos fechados.

Agente John Carradine: Mas que merda cara o que diabos vocês viram lá?

Billy Maluco: Parecia um homem pequeno vestindo uma roupa estranha cheia de botões e contadores bizarros. A sua cabeça, por deus, foi a droga da maior cabeça que já vi em toda minha vida. Ele era careca, verde, tinha dois olhos bem grandes e negros. Negros como o vazio da noite. E não tinha nariz, e sua boca também não vi. Eu tomei um baita de um susto tão grande que até me mijei. A criatura apontou o dedo sangrento em direção a gente, ela só tinha dois dedos ou sei la que droga era aquilo. Oliver não segurou a barra e atirou na criatura que em resposta atingiu ele com um tipo de luz.

Agente John Carradine: Luz?

Billy Maluco: Sim uma luz quente! Até mesmo queimou uma parte do meu braço.

Agente John Carradine: E Oliver?

Billy Maluco: Oliver se transformou numa espécie de pasta cinza no chão, fedida e quente. Era tudo tão horrível que não consegui me segurar e corri dali, porém quando sai do deposito, fiquei meio cego com uma luz fortíssima que veio do céu.

Agente John Carradine: Uma luz que veio do céu?

Billy Maluco: Sim cara, do céu! E fazia um ruído estranho, não sei definir, mas não sai da minha cabeça. De repente tudo ficou escuro, eu acho que desmaiei. Acordei com um baita chute no estomago de um policial. Ele me rendeu e acabei vindo parar nesse asilo depois de contar minha historia. Eles dizem que sou louco, mas é verdade cara, é a mais pura verdade!

Agente John Carradine: Entendo. Obrigado pela sua cooperação Billy.

Billy Maluco: E nosso acordo? Eu quero sair daqui cara! 


- FIM DO INTERROGATORIO –




Recomendação do Agente John Carradine sobre o caso:

O depoimento de Billy, apesar de pouco detalhado, traz detalhes bastante importantes em relação ao nosso projeto. Apesar de desacreditado por muitos se solto o acusado pode conseguir convencer algumas pessoas e essas representarem problemas futuros para a integridade da organização. Sugiro reintegração do suspeito aos serviços médicos do sanatório até o fim de sua vida.

Em relação a carga citada acima já sabemos agora o destino do material orgânico. Eles levaram o espécime. Entretanto ainda dispomos do material coletado do óvni abatido. Quanto ao cliente misterioso foi comprovada a participação russa no incidente. O porquê do desaparecimento do mesmo ainda é um mistério.

Don Salieri, que esta cumprindo pena em Alcatraz, nega qualquer envolvimento no caso.

Caso encerrado. 



(Conto escrito pelo leitor José Brito Silva Junior)

0 comentários:

Postar um comentário