Há muita influência de hip hop no Linkin Park. Como isso aconteceu?
Mike Shinoda: O Linkin Park nasceu em Los Angeles e por causa disso sempre esteve sob influência direta desse tipo de música. Foi uma conseqüência natural. Não fazemos só hip hop e rock, há influência de várias tendências musicais. No Meteora houve uma série de experimentações que comprovam a existência de tais tendências influenciando o trabalho da banda.
Mike Shinoda, você tem em mente trabalhar exclusivamente com hip hop no futuro, já que em Reanimation houve a participação de vários artistas desse estilo?
Mike Shinoda: Vamos ver o que acontece. Eu vim do hip hop. Está no meu sangue. Vou deixar acontecer, não há nada planejado.
Joe Hahn:Mike tem um projeto solo, mas ele não quer contar para ninguém (risos)
Vocês poderiam comentar as próximas eleições nos EUA, que estão dividindo o país?
Chester Bennington: O Linkin Park não é uma banda que trata de política, nós preferimos compor música sobre sentimentos.
Mike Shinoda: Por ser uma banda acompanhada por muitos jovens, não julgamos correto dizer o que eles devem fazer, tampouco em que candidato votar. Nós esperamos que eles estejam preparados para tomar suas próprias decisões.
Há alguns anos vocês ganharam o prêmio de melhor banda aqui no Brasil e vários outros prêmios em todo o mundo, como vocês lidam com premiações e qual a importância delas para vocês?
Mike Shinoda: Nós acabamos de voltar do VMA´s (Video Music Awards) e ganhamos o prêmio da audiência da MTV (Viewer´s Choice), que é um grande prêmio. Sempre que estamos numa situação dessas nós nunca esperamos ganhar nada, só entramos e esperamos ver o que vai acontecer.
Chester Bennington: No caso do Viewer´s Choice, os vencedores são escolhidos pelos fãs, então significa muito para nós. Receber um prêmio da Billboard é diferente de receber um prêmio dos fãs.
Qual foi o clipe mais trabalhoso para ser realizado?
Joe Hahn: Acredito que tenha sido "Breaking the Habit", que é todo desenhado a mão, com 24 quadros por segundo, totalizando três minutos de animação. Demorou seis meses para ficar pronto. Então, faça as contas...
Mike Shinoda: Por outro lado, para a banda foi o mais fácil, já que nosso trabalho durou apenas meio dia. Quem penou de verdade foram os diretores do clipe, Kazuto Nagazawa [ilustrador e diretor de animação, que tem em seu currículo Animatrix e Kill Bill 1] e Joe Hahn.
Vocês têm o plano de criar um selo? Têm liberdade de criação dentro da sua gravadora?
Mike Shinoda: Sim. Quando começamos a gravar, havia muita interferência de gente dizendo o que devíamos fazer. Hoje já é diferente. Eles confiam no que fazemos. Entretanto, sabemos de várias bandas talentosas e com ótimas idéias que não são aceitas pelas gravadoras, que não entendem sua arte e não acreditam no projeto.
Quando nos sentamos pela primeira vez com a gravadora, tinha uns 40 executivos ao nosso redor e nós chegamos dizendo ¿é assim que queremos o plano de marketing, é dessa maneira que vamos tratar os fãs, nós somos assim e esse é o nosso trabalho¿. Eles falaram ¿vocês são malucos¿, mas no final gostaram da nossa postura de ter coragem de impor o que queríamos.
Claro que viram que estávamos crus, mas conseguiram captar a essência das nossas idéias e trabalhar em cima disso.
Gostaria de saber se vocês gravam o que gostam de ouvir, ou se gravam apenas o que os fãs querem ouvir.
Chester Bennington: Nós fazemos músicas primeiramente para nós mesmos, mas sempre temos em mente se os fãs vão gostar ou não. E descobrimos que se a música agrada a todos da banda, ela tem maiores chances de agradar aos demais.
Qual a razão do sucesso da banda?
Chester Bennington: Não escrevemos porcarias... (risos)
Mike Shinoda: O que nos torna especiais é que somos muitos diferentes uns dos outros, temos personalidades totalmente diversas e todos ouvimos coisas bastante diferentes. Cada um traz essa experiência para a banda e a combinação desses elementos nos torna únicos.
Chester Bennington: Na realidade, nós não sabemos exatamente qual o segredo do nosso sucesso.
Joe Hahn: É por minha causa (risos)
Como vocês lidam com as críticas?
Chester Bennington: Fazer críticas é o trabalho dos críticos, mas sabemos que alguns deles sequer ouvem nosso trabalho e já dizem que a banda é ruim. Nós nos importamos com os fãs e não com os críticos.
Os fãs do Linkin Park gostam de gritar. Chester Bennington, afinal, isso tem uma ação terapêutica ou não?
Chester Bennington: Para mim, música funciona melhor do que terapia. A gente passa por coisas boas e ruins na vida e a minha maneira de expressar isso é cantando e uma das melhores formas de colocar isso pra fora é gritando. Todas as pessoas deveriam fazer isso algumas vezes por dia. Não por raiva, mas por diversão.
O que vocês aprendem com as diversas culturas que têm contato quando estão em turnê?
Chester Bennington: Viajando pelo mundo, eu vi que não importa onde você está, as pessoas são emocionalmente bastante parecidas. Mesmo que sejam de culturas completamente diferentes.
Mike Shinoda: Muitas delas não falam inglês, mas chegam a chorar porque sabem do que a música está falando, existe uma conexão entre as pessoas, principalmente emocional, independente de seus estilos de vida. No fundo são as mesmas pessoas, com as mesmas aspirações. Elas só querem ouvir boa música e ser felizes.
Vocês sabiam que havia tantos fãs do Linkin Park no Brasil?
Chester Bennington: Sempre que visitamos um lugar novo é uma grande surpresa ver a quantidade de pessoas que vão nos assistir e que são nossos fãs. Vindo aqui pela primeira vez, acredito que iremos tocar para 40 ou 50 mil pessoas e acho isso inacreditável, pois seria o maior público para o qual tocamos em toda a turnê.
Vocês conhecem artistas brasileiros? O que acham da banda que vai tocar com vocês, o Charlie Brown Jr?
Joe Hahn: Eu adoro o Charlie Brown! (risos , começam a cantarolar a música do desenho do Snoopy)
Chester Bennington: É estranho. Nos EUA, por alguma razão que eu desconheço, as pessoas entram livremente, mas a música não. Os americanos precisam abrir seus horizontes, eles não têm muito interesse pela música de outros países, limitam-se a músicas e bandas americanas e ao que toca no rádio.
O que vocês acham de parte da renda ser revertida para o programa Fome Zero?
Chester Bennington: É maravilhoso. Tornou-se duplamente animador saber que tocaríamos por uma causa nobre como essa.
Esse é o último show da turnê mundial. Vocês não estão cansados?
Mike Shinoda:Nós jamais subiríamos a um palco sem dar 100% da nossa energia para o público.
O que vocês acham de finalizar a turnê em pleno 11 de setembro?
Chester Bennington: A data é uma coincidência. O dia 11 de setembro é o décimo primeiro dia de setembro, acontece uma vez por ano. O que faz dele especial dessa vez é que iremos tocar aqui em São Paulo pela primeira vez para milhares de pessoas.
Mike Shinoda: É claro que esse é um dia especial nos EUA, em que as pessoas estão lembrando de seus familiares mortos e que vamos sentir falta de estar lá, mas vale a pena por estarmos tocando aqui pela primeira vez.
Durante a turnê vocês tiveram oportunidade de criar novas músicas para o próximo álbum?
Mike Shinoda: Temos um ônibus de turnê todo preparado, com três estúdios para colocarmos algumas idéias em prática. Mas nada é finalizado ali. Justamente por isso é que temos que voltar para casa.
Chester Bennington: A resposta é não (risos)
Mike Shinoda: Além disso, cada canção é como se fosse um personagem de um livro. Você dá a cara ao personagem e deixa que ele crie vida própria. Dificilmente esse processo pode ser finalizado durante a turnê.
Vocês prepararam algo especial para o show?
Chester Bennington: Nós vamos nos explodir (risos). Brincadeira, nós vamos detonar!
Depois da apresentação, vocês vão tirar alguns dias para conhecer algo no Brasil? Têm curiosidade de conhecer a cultura brasileira?
Mike Shinoda: Nós [o Joe e eu] já estamos aqui há alguns dias...
Chester Bennington: Mike é muito bom em capoeira (risos). Nós adoraríamos conhecer mais coisas, visitar lugares, mas estamos fora de casa há dois anos, então estamos doidos para voltar, ver nossas famílias, dormir em nossas próprias camas... Mas sem dúvida será ótimo term um bom motivo para voltar para o Brasil.
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