Matar ou morrer
Em sua história, a série ‘Mortal Kombat’ mostrou que uma luta só fica completa com socos, chutes e galões de sangue
O maior defeito de Scorpion é não ter um hálito refrescante
Hoje em dia, qualquer jogo mediano de tiro mostra fartos espirros de sangue saindo dos inimigos. Para chocar alguém nos cínicos anos 2000, é preciso alguma coisa muito controversa.
E se tem alguém com experiência nisso é Ed Boon e seu time da Nether Realm, que se prepara para lançar “Mortal Kombat”, o nono game da franquia, que busca levar a série de volta a suas raízes – tanto na jogabilidade quanto na violência.
Para celebrar o retorno deste peso pesado a seus princípios mais básicos, relembramos os outros games da série. Do debute em 1992, que praticamente criou o sistema de classificação etária nos games, ao encontro com Batman, Superman e Lex Luthor em “Mortal Kombat vs. DC Universe”, de 2008, a série mostrou a seu grande rival, “Street Fighter”, que hadoukens são divertidos, mas nada se compara a um sanguinolento quebra-quebra, com desmembramentos e ossos partidos.
Na lista, compilamos apenas os games da franquia principal, sem considerar spin offs como “Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero” ou “Mortal Kombat: Shaolin Monks”.
Mortal Kombat | Produtora: Midway | Lançamento: 1992 | Plataformas: Arcade, SNES, Mega Drive
Aqui é onde tudo começou. Com uma galeria de personagens limitada a sete lutadores – formada pelos clássicos Liu Kang, Raiden, Sonya Blade, Johnny Cage, Sub-Zero, Scorpion e Kano – o game inovou tanto na brutalidade quanto em seu estilo gráfico, que usava imagens digitalizadas de atores em vez de gráficos de desenho animado.
O conceito dos Fatalities também foi apresentado logo no primeiro game e é, até hoje, uma das características marcantes da série. Ao fim do último round, o lutador derrotado fica indefeso em um estado de confusão, pronto para ser abatido ou por um golpe normal ou por uma intrincada combinação de botões que, se apertada corretamente, permitia que o vencedor eliminasse o adversário brutalmente.
Em 1992, o choque de ver Kano arrancando o coração ainda pulsante do peito de algum infeliz gerou uma onda de controvérsia que culminou na criação do ESRB, o órgão que até hoje é responsável pela classificação etária dos games nos EUA.
Mortal Kombat II | Produtora: Midway | Lançamento: 1993 | Plataformas: Arcade, SNES, Mega Drive
Considerado o melhor da franquia e sempre próximo ao topo de melhores games da era 16 bits, “Mortal Kombat II” é um exemplo de sequência. Maior, mais bonito, mais ágil, com mais personagens que seu predecessor, o game foi um hit dos fliperamas e, posteriormente, em consoles como SNES e Mega Drive. O segundo episódio da franquia perdeu personagens como Sonya Blade e Kano, mas trouxe memoráveis adições como as ninjas Mileena e Kitana; o soldado grandalhão Jax e o monstrengo com duas lâminas nos braços Baraka.
Mortal Kombat 3 | Produtora: Midway | Lançamento: 1995 | Plataformas: Arcade, SNES, Mega Drive
Em “Mortal Kombat 3” a série deu algumas guinadas peculiares. Na jogabilidade, algumas funções novas, como a possibilidade de correr e os Animalities, uma expansão do conceito dos fatalities que começou em “Mortal Kombat II” com o Babality e o Friendship.
“Mortal Kombat 3” adota uma palheta de cores muito menos colorida que seus predecessores e marca também uma maquiagem ocidental no estilo do game, com uma notável mudança no visual de alguns personagens, como Sub-Zero e Smoke, que deixaram de ser ninjas e o segundo até virou um ciborgue, nos mesmos moldes dos novos Cyrax e Sektor. Dentre as notáveis ausências no game estão o ninja amarelo Scorpion, o ator canastrão Johnny Cage e o deus do trovão Raiden.
Mortal Kombat 4 | Produtora: Midway | Lançamento: 1997 | Plataformas: Arcade, Nintendo 64, PlayStation
O primeiro “Mortal Kombat” em 3D foi um pequeno deslize na série, que marcou o início de uma série de decisões estranhas do time de desenvolvimento.
Os divertidos Babalities e Friendships foram limados, assim como os brutais Animalities e o game trouxe a equivocada decisão de incluir armas nos combates, uma ideia que se grudou à série nos três games que vieram depois. O elenco também não era dos melhores, com personagens novos e sem carisma, à exceção do feiticeiro Quan Chi e, claro, dos personagens tradicionais, como Johnny Cage, Raiden e Liu Kang. No mais... Fujin? Tanya? Não.
Mortal Kombat: Deadly Alliance | Produtora: Midway | Lançamento: 2002 | Plataformas: PlayStation 2, GameCube, Xbox
Mesmo com uma boa recepção dos fãs e da crítica, a série começou a declinar com “Mortal Kombat 4”. Ed Boon e sua equipe se fecharam e, após um hiato de cinco anos, lançaram “Mortal Kombat: Deadly Alliance” em 2003.
Com uma jogabilidade em 3D, o game marca um grande distanciamento da franquia. No game, cada lutador tem dois estilos de luta, que podem ser mudados a qualquer momento com o toque de um botão, e uma arma. O número de Fatalities foi limado para apenas um por lutador e mais personagens sem carisma foram enfiados na já rocambolesca trama, como o espadachim cego Kenshi e o beberrão Bo’Rai Cho. Ainda assim, o game foi aclamado como o melhor jogo de luta para Xbox e GameCube de 2002 pelo Gamespot.
Mortal Kombat: Deception | Produtora: Midway | Lançamento: 2004 | Plataformas: PlayStation 2, GameCube, Xbox
Pouco mudou na jogabilidade de “Mortal Kombat: Deception”, quando comparada a de seu predecessor, mas o game trouxe algumas novidades peculiares em modos extras de jogo.
O modo “Konquest”, uma entediante aventura que explora a absurda trama do game, criada em “Deadly Alliance”, retorna expandida, ao lado de modos como “Chess Kombat”, que mistura “Mortal Kombat” com xadrez, e “Puzzle Kombat”, um clone de “Super Puzzle Fighter II Turbo”. O game traz 26 personagens – incluindo Liu Kang em versão zumbi – e o número de Fatalities para cada personagem aumentou de apenas um para dois.
Mortal Kombat: Armageddon | Produtora: Midway | Lançamento: 2007 | Plataformas: PlayStation 2, Xbox, Wii
Uma espécie de “quem é quem” da franquia “Mortal Kombat”, “Armageddon” é, na insana trama da série, o capítulo final para os lutadores e traz 63 lutadores oriundos de todos os games, além de ainda apresentar dois novos personagens.
O sistema de combate segue a mesma tradição dos dois games anteriores, com os personagens usando estilos de luta que podem ser mudados durante a batalha, o que acaba deixando os lutadores um pouco sem personalidade. Agravando isso, o sistema de Fatalities foi revisto: em vez de um ou dois finalizadores brutais específicos para os personagens, foi implementado um sistema genérico igual para todos os lutadores.
Nos modos de jogo, o tedioso Konquest volta, com uma trama absurda e uma jornada longa coletando artefatos e moedas, para destravar artes conceituais, roupas alternativas e novos personagens. Uma novidade é Motor Kombat, um clone de Mario Kart sem muito refino, que cansa após algumas horas.
Mortal Kombat vs. DC Universe | Produtora: Midway/Warner Games | Lançamento: 2008 | Plataformas: Xbox 360, PlayStation 3
Poucas pessoas não ficariam interessadas com a ideia de ver o Batman socando violentamente a cara de Liu Kang ou Scorpion acertando um belo chute no queixo kriptoniano do Superman. Com isso em mente, Ed Boon e uma combalida Midway – que acabou falindo e vendendo a série para a Warner Games – promoveram esse encontro de gigantes. O resultado é um passo na direção certa e algumas cambalhotas na direção errada.
Em “MK vs. DC”, a jogabilidade voltou a um esquema mais tradicional, com cada lutador usando um estilo de luta próprio e com o retorno dos Fatalities. Bem, pelo menos para uma parte do elenco. O game foi duramente criticado por suavizar a violência e heróis como Batman, Superman e Lanterna Verde não executam seus inimigos, mas realizam os chamados Heroic Brutalities. No fim das contas, a jogabilidade era sólida, mesmo que este crossover não chegue aos pés de “Marvel Vs. Capcom”.
Plataformas: _Xbox 360_ | _PS3_ | _PS2_ | _Wii_
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